terça-feira, março 04, 2008

O Deus de cada homem

Quando digo “meu Deus”,
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.

Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.


Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade

Carlos Drummond de Andrade.

3 comentários:

i disse...

Oi, Denise!

Seus comentários me deixaram muito, muitíssimo contente. Obrigado!

Vejo que você andou com dúvidas sobre o desejo de continuar postando. É... essas dúvidas nos atingem a todos. Mas duvido que alguém que tenha tanto amor pelas palavras (e pela criação, como está escrito na sua descrição do blogger) consiga parar por muito tempo...

Vá em frente!

Diego. disse...

várias interpretações de uma mesma expressão... o Drummond toca sempre que é lido!

bj

Diego. disse...

Cada Deus, dá vazão a interpretações... cada momento nosso Deus transmuta.

bj