segunda-feira, julho 23, 2007


Ainda

Quase duas semanas sem postar!!!
O Café fechou para tratamento intensivo. Foi acomentido por uma enfermidade em suas células:
alteração no seu html. Causada por minhas pesquisas cibernéticas. Dez dias de CTI, soro na veia, balão de gás, consultas e exames. Até que Marcus (agora pra mim Dr. Marcus!) entrasse em ação com precisão cirúrgica.
E o que houve com o mundo?
Está mais rápido ( em torno de 150 Km por hora em pista escorregadia?) e mais quente (cerca de 1000 graus Celsius?) e mais triste.
Bem que a gente tenta fazer graça com nossas intempéries particulares, mas situações inesperadas que ocorrem assim com (duas centenas !!!) desconhecidos (iguais a nós) nos abocanha e mastiga.
Tritura a alma que repousa num corpo cansado. Pela primeira vez na minha vida posso oferecer a meu pai uma viagem de avião (que a gente julga confortável) até a terra que guarda suas aventuras de menino com as rolinhas que lhe acarinhava o estômago. E agora tenho que esperar essa fraqueza passar.
Mal cheguei à classe média que até pouco tempo nem conhecia e me vejo contagiada por seu modus vivendi.
Medo de sair à noite? Dos meninos jogados nas ruas? Necessidade de comprar o que nem sei se preciso. Malabarismos bancários subseqüêntes. Tédio crônico. Discussões metafísicas na mesa do bar que sabemos, não levarão a nada mais do que à sensação de que temos capital cultural suficiente para sustentar uma esplanação recheada de citações acadêmicas.
E tudo é vaidade. Claro! Nós somos os "oclinhos", estamos antenados com o look, a música, o filme, a peça, o livro que devemos conhecer. Fazemos fila na porta do Odeon, na Cinelância, pra que todos testemunhem o quanto somos cultos. Se for filme mostrando preto, pobre ou doido então, aí é o ápice. Gozo geral (arte-terapia? Pulsão de morte? Grotesco medievo? Circo romano?). Somos agentes conscientes, cidadãos participantes. "Pagamos impostos". Temos a língua afiada contra essa endemia que infecta o país, uma virose que se retro-alimenta, como um parasita que precisa de um hospedeiro.
Um câncer que se fortalece da vítima que se lhe oferece em sacrifício.
Essa moléstia que está aí: corrupção que sufoca qualquer esperança. E que só cresce.
Porque nós não fazemos nada! Não paramos o mundo, ficamos preocupados quando o trânsito fica lento, porque precisamos cumprir tarefas, horários, agendas, compromissos.
Trabalhar mais pra comprar mais.
Garantir um futuro que nem mais a Deus pertence.
E o que fazer?
Diante desse cenário fazemos escolhas, escalas, escolas.
Ainda leio, ainda paro, respiro. Ainda me aparecem Isabella, Luísa, Melissa, Leonardo, Giovanna.
Quê que eu falo pra eles? Até agora eles é que têm me dito muito. Sem traduções racionais.
Ainda conheço "Mais Um" de Cássio Pires. E os surpreendentes encontros que essa descoberta proporcionou. Ainda ... Reajo. Escrevo ( e vale?)
Ainda (às vezes) fico feliz.

domingo, julho 22, 2007