segunda-feira, outubro 15, 2007

É. É mais fácil mesmo.

Olá! Que bom que está aí. Às vezes tenho a impressão.
Mas há a memória. Uma xilogravura no peito.

(Pausa)

Daí deve ser mais fácil mesmo. Sozinho
Agora as cartas não parecem mais (tão) ridículas.
Mas estão por aí. À procura de.

(sons de garrafas batendo umas nas outras)

Garrafas. Jogam tudo pelas ruas hoje em dia.

(Pigarro) Não tem-de-quê. A gente tem medo de dizer.
Tem pavor de dizer “vem cá”.

Silêncio

É, a gente tem muita coisa pra fazer. E todos os caminhos são os caminhos.
Mas o trem passa. Quando criança queria ser maquinista.
Já tenho o apito. A bola e o campo. Mas sabe, né? Não se joga sozinho.

(Sons de latas batendo umas nas outras).

Mas sozinho é mais fácil não fazer barulho.

Não acho que esteja muito calada.
Acho que gosto de te ouvir. Às vezes tenho a impressão.
Mas há a memória. Um eco que embala o sono. E aquece as mãos.

(sons de apito, rádio velho, sons de mudança de estação, ruídos de narração de jogo de futebol).

Sei desse negócio de extravagância. Um amigo meu pega táxi no dia do pagamento. Coisa de dez minutos. Depois faz o resto do caminho a pé. Faz bem pra saúde.

(Vinheta da "Voz do Brasil")

Eu quero é carona.
Eu quero todas as muletas. Quero todas as cotas ou “políticas afirmativas” que me sejam possíveis. Bolsas, subsídios e similares. Quero colo. “Quero maisi mamãe”
Abre a janela do teu trem aí.
Ah! É mais fácil sozinho.É mesmo. O fio do enredo. As peças do desmonte, né?
Às vezes tenho a impressão.
Mas há a memória.

(sons de plástico-bolha)

Tem gosto de bala Juquinha e.
Quando começo a estourar esse negócio não consigo parar.

Sobe o som de uma música (ainda a ser escolhida)

Rascunho inspirado em "Cartas à procura de garrafas" do meu amigo Máximo Heleno Lustosa da Costa, que pode ser lido em: http://ideiasaderiva.blogspot.com/