o silêncio
preciso
que a noite traz
é só o que preciso
e a aurora desfaz
vem cá aurora
te calar comigo
quarta-feira, novembro 20, 2013
sexta-feira, outubro 18, 2013
segunda-feira, outubro 14, 2013
sábado, outubro 05, 2013
Hoje foi tão bom que ainda estou flutuando.
E sigo por sobre a cidade vendo aqui do alto o mundo pequeno do qual preciso escapar.
“Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas.”
Hoje sinto reverberar no corpo o entusiasmo que só sinto no teatro.
Lá não preciso de crachá, currículo, título ou sobrenome.
Lá um borrifador vira chafariz e vira cachoeira e vira lágrima.
E um lenço vira bandeira e vira luva e vira bebê.
Lá eu viro Ofélia e viro Ninfa e viro uma das Erínias.
Lá, no Teatro, o Tempo e o Espaço se dissolvem e se recompõem amalgamando sorrisos e dores, vales e precipícios, amores e fúrias.
Mas o teatro não está lá. Ele é aqui. Dentro. Ardendo na garganta
Se derramando no peito. Transbordando pela boca.
O que vivi hoje, no Hotel da Loucura, já senti antes.
Mas nem lembrava mais como era.
E hoje foi um reencontro. Com um abraço demorado, acolhedor, terno e cúmplice.
Reencontro faminto, sedento, ávido, urgente. Com saudade de quem nunca devia ter me separado. Mas que agora não largo mais!
Não quero fazer outra coisa da vida.
E sigo por sobre a cidade vendo aqui do alto o mundo pequeno do qual preciso escapar.
“Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas.”
Hoje sinto reverberar no corpo o entusiasmo que só sinto no teatro.
Lá não preciso de crachá, currículo, título ou sobrenome.
Lá um borrifador vira chafariz e vira cachoeira e vira lágrima.
E um lenço vira bandeira e vira luva e vira bebê.
Lá eu viro Ofélia e viro Ninfa e viro uma das Erínias.
Lá, no Teatro, o Tempo e o Espaço se dissolvem e se recompõem amalgamando sorrisos e dores, vales e precipícios, amores e fúrias.
Mas o teatro não está lá. Ele é aqui. Dentro. Ardendo na garganta
Se derramando no peito. Transbordando pela boca.
O que vivi hoje, no Hotel da Loucura, já senti antes.
Mas nem lembrava mais como era.
E hoje foi um reencontro. Com um abraço demorado, acolhedor, terno e cúmplice.
Reencontro faminto, sedento, ávido, urgente. Com saudade de quem nunca devia ter me separado. Mas que agora não largo mais!
Não quero fazer outra coisa da vida.
sábado, setembro 21, 2013
segunda-feira, setembro 09, 2013
enquanto é sol
enquanto é sol
estala a língua
abre a boca
estica os braços
e lança o peito
enquanto é sol
infla as bochechas
arreganha os dentes
fecha os olhos
e sente
enquanto é sol
apura os ouvidos
apara as arestas
permite as pernas
e descansa os pés
enquanto é sol
estende as mãos
apeia os ombros
deita a cabeça
e degusta o silêncio
enquanto é sol
não há dúvida
medo
incerteza
só o sol
inteiro
dentro
(de) em si.
estala a língua
abre a boca
estica os braços
e lança o peito
enquanto é sol
infla as bochechas
arreganha os dentes
fecha os olhos
e sente
enquanto é sol
apura os ouvidos
apara as arestas
permite as pernas
e descansa os pés
enquanto é sol
estende as mãos
apeia os ombros
deita a cabeça
e degusta o silêncio
enquanto é sol
não há dúvida
medo
incerteza
só o sol
inteiro
dentro
(de) em si.
sábado, agosto 03, 2013
eu tenho é pressa mainha
que agora é o tempo
da hora marcada
que amanhã começa hoje
e já nem lembro quando mais
eu tenho é pressa mainha
porque me distraio
enquanto espero
e se sei que é sonho tanto faz
eu tenho é pressa mainha
que a pressa não seja precisa
que a hora não haja que marcar
que hoje não se perca no tempo
que o sonho não espere pra chegar
distraído abraçar
que agora é o tempo
da hora marcada
que amanhã começa hoje
e já nem lembro quando mais
eu tenho é pressa mainha
porque me distraio
enquanto espero
e se sei que é sonho tanto faz
eu tenho é pressa mainha
que a pressa não seja precisa
que a hora não haja que marcar
que hoje não se perca no tempo
que o sonho não espere pra chegar
distraído abraçar
segunda-feira, junho 03, 2013
às vezes sinto frio
e junto os pés no meio da rua
às vezes sinto fome e enrolo os braços
na frente do peito
às vezes sinto medo
e aperto os dedos dentro da mãos
às vezes as mãos se apertam no meio do peito
às vezes os braços se enrolam na frente dos pés
às vezes as ruas se juntam dentro das mãos
às vezes acho que não sinto
mas a espinha já está dobrada
e junto os pés no meio da rua
às vezes sinto fome e enrolo os braços
na frente do peito
às vezes sinto medo
e aperto os dedos dentro da mãos
às vezes as mãos se apertam no meio do peito
às vezes os braços se enrolam na frente dos pés
às vezes as ruas se juntam dentro das mãos
às vezes acho que não sinto
mas a espinha já está dobrada
domingo, abril 21, 2013
é condor mesmo...
é com dor
é com dor mesmo
que vai
é com dor
com dor
condor
voando pra longe
onde a dor se esvazia
é com dor mesmo
que vai
quem diria
é com dor
com dor
condor
levando consigo teus ais
e voando pra onde nem se via
é com dor mesmo
que vai
é com dor
com dor
condor
voando pra longe
onde a dor se esvazia
é com dor mesmo
que vai
quem diria
é com dor
com dor
condor
levando consigo teus ais
e voando pra onde nem se via
Chuva fina
chuva fina
nem molha
nem faz frio no peito
chuva fina
nem se percebe
nem se sente direito
chuva fina é devagarinho
quase sumida
ninguém vê
e quando o espirro vem
é que se sabe que a alma tá encharcada
nem molha
nem faz frio no peito
chuva fina
nem se percebe
nem se sente direito
chuva fina é devagarinho
quase sumida
ninguém vê
e quando o espirro vem
é que se sabe que a alma tá encharcada
"o que não mata, engorda"
dizia vó Terezinha limpando meu joelho
levantando a bicicleta,
puxando o dente de leite,
sacudindo o casaco
ajeitando a maria-chiquinha
"o que não mata engorda, minha filha"
vó dizia
e ainda ouço hoje
quando o joelho arde
a bicicleta derrapa
o dente balança
o casaco desfia
e o olhar turva
onde está vó Terezinha agora?
não sei
Mas está aqui
todo dia
comigo
dizia vó Terezinha limpando meu joelho
levantando a bicicleta,
puxando o dente de leite,
sacudindo o casaco
ajeitando a maria-chiquinha
"o que não mata engorda, minha filha"
vó dizia
e ainda ouço hoje
quando o joelho arde
a bicicleta derrapa
o dente balança
o casaco desfia
e o olhar turva
onde está vó Terezinha agora?
não sei
Mas está aqui
todo dia
comigo
sábado, abril 13, 2013
é fome menina
que esse garoto sente
não pára quieto
olha pra todo lado
cola em tudo que é gente
é fome
imagina
e fala e faz e nem pensa pra quê
ele só quer comer junto
e arrotar no meio da gargalhada
numa tarde de domingo...
é fome sim
quem duvida?
fome de cor
de brilho
de gosto
e saliva
inteiro
pela vida
que há de viver.
que esse garoto sente
não pára quieto
olha pra todo lado
cola em tudo que é gente
é fome
imagina
e fala e faz e nem pensa pra quê
ele só quer comer junto
e arrotar no meio da gargalhada
numa tarde de domingo...
é fome sim
quem duvida?
fome de cor
de brilho
de gosto
e saliva
inteiro
pela vida
que há de viver.
sábado, abril 06, 2013
POÉTICA
Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. |
Manuel Bandeira
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