sexta-feira, março 23, 2007


Fim-de-semana

Entro na van que segue por esta artéria urbana de nome oracular: Linha Vermelha.
Ou fio da navalha?
Fiapo que separa (???), de um lado, "um centro de desenvolvimento científico e tecnológico para a sociedade brasileira", sob a efígie da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e, de outro, uma parcela dessa (mesma!) sociedade. Brasileiros hermeticamente acondicionados num bolsão térmico em temperatura ambiente desse Rio 40º graus à sombra.
Alinhavo mal cosido. Nó cego nessa chita que se esgarça.
Tapa na cara de Minerva. Maré à margem. Miragem e guerra.
Imagens. Amálgama de desejos e dor.
Fotografia que nos assusta e encanta por alguns segundos. Ao longe.
Nos aponta e acusa (e alcança). Omissão e preguiça! Passamos a salvo.
Alívio. Suspiro sob o céu roxo de fim-de-tarde de fim-de-semana de fim-de-estação.
Apatia compartilhada e agradecida. Cada um com seus problemas... Cada vez mais de todo mundo ao mesmo tempo agora.
E retorno ao batuque de Rita:
“Tempo de silêncio e solidão”.
Contratempos íntimos. Intempéries pessoais sob ameaça de garoa alheia.
“Tempestade louca no Saara”
Só Magritte me busca. De mim. Em tempo real. Tons surreais impressos. Imprescindíveis.
Vou pra casa com esse cheiro de chuva e gosto de maçã que têm me acompanhado a semana. Arrumar gavetas. Ouvindo:
“Eu tenho um sapato branco/E um riso amarelo"
"Eu não tenho tempo/ De me ver chorar”
Porque eu (ainda) sei voar.

terça-feira, março 20, 2007