sexta-feira, abril 13, 2007

terça-feira, abril 10, 2007

segunda-feira, abril 09, 2007

Espelho e avessos

É. O que dizer? Se nem tudo que penso fá-lo. E pra quê? Se quase nada que digo se ouve.
E por quê? Tem alguma importância se nem eu degusto o que cogito?
Zip. E já lembro uma cena de filme. Zap. Cantarolo um jingle da moda.
Tudo ao mesmo tempo agora borbulhando em temperaturas vesuvianas.

...

Hoje faz quatro anos que ela não está mais aqui. E há dois anos percebi que não estaria mais pra eu dizer o que nunca disse antes.

...

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.

...

Mas ela está aqui comigo. E descansa em paz.

...

- Cinza!

- Não! Vermelho!

- Cinza!

- Não! Laranja!

- Cinza!

- Não! Azul! Verde! Amarelo!

Palavras de Qfwfq, personagem de Patrícia Selonk e Ali, personagem de Fabiano Medeiros na peça “Casca de Noz” do Armazém Companhia de Teatro. Inspirada em seis contos de Ítalo Calvino, essa produção aborda nossa inquestionável fé na ciência, e com bom-humor nos conduz a rir de nossas certezas. Nossa necessidade de segurança. Mesmo que essa segurança seja cinza. Axiomas.

...

Zip.

Moacyr Scliar, não te esqueço.

Zap.

“Não quero te magoar”. Clichê.

Zip.

Ângela Ro Rô. Sons e dissonâncias.

Zap.

Febre que não passa. Passa, já passa. Deixa, deixa. Banho frio. É o jeito.

Zip.

A escada. O espelho. Os avessos. Dicotomias.
Forma e conteúdo. Discurso e prática. Guimarães. Machado.
Pizza e Páscoa.
E tudo é vaidade.

...

Segunda-feira: “Não reconheço essa conta de telefone”.
Comprar pilot. Ir à Receita. Descongelar geladeira. Ler dois contos. Assistir ao filme que estreou. Arrumar gavetas.

...


Todas as palavras já foram ditas em cartas ou e-mails ridículos.
Mas se a vida é muito curta pra ser pequena, eu quero é mais.
Então Ângela me conforta. É o jeito.

“Mais foi a primeira palavra que eu me repeti intensamente na minha infância ‘Maisi, mamãe, maisi, mamãe’. Fosse guaraná, fosse coca-cola, fosse coca, fosse cola, fosse amor ou desamor ou qualquer outra espécie de dor. Eu quero mais ser imortal, quero ser o meu futuro ancestral. Quero mais Tabacaria, mais Pessoa, mais Maria, mais vinho, mais poesia.”

Luz quero luz
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
São palcos atrás
Arranca a vida
Estufa a veia
E pulsa, pulsa, pulsa
E pulsa mais.
Mais quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
E os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca vida
Estufa vela
Me leva, leva longe
Me leva mais

Obrigada pela atenção.