sexta-feira, agosto 08, 2008

terça-feira, agosto 05, 2008

que vontade de te dar um abraço!

que vontade de te dar um abraço!
e dizer o não dito guardado por tanto tempo e que agora não é mais importante pra nossa história, mas (ainda)necessário pra mim. foi bom te ver a uma distância segura e... perversa porque impeditiva aos arroubos que a saudade poderia provocar.
vi com carinho um sorriso que conheci e que algumas vezes provoquei.
tive inveja. senti uma melancolia típica de quem sabe que o tempo não volta e que hoje consegue entender que nada poderia ter sido diferente para que hoje pudesse saber que nada poderia ter sido diferente. mas poderia. sempre pode. eu sei. mas essa sensação é uma dorzinha fina, leve, delicada que se aninha aqui no peito e que carrego ao lado das outras mais recentes que abriguei, só pelo hábito de colecionar desagradozinhos que alimentam as histórias que conto a mim mesma.
hoje te vi. e assisti a minha primeira aula de filosofia (é. pedi reingresso e voltei ao IFCS) e também foi minha primeira aula de música no Villa Lobos.
dia de retornos. e ó que é que eu busco? um pouco de mim. eu sei. e um pouco de você. desse "nós" que ficou lá. numa aquarela ocre. na memória. que gosto bom esse... de me rever dez anos atrás quando dividia meu tempo entre a sociologia e o teatro (e te perdia enquanto me descobria) e agora me fragmento entre as questões que me mostram quem sou. antes eu tinha certezas e objetivos. hoje tenho (algum) prazer e nenhum pragmatismo. cada vez menos. desculpe. sou isto. esse ser inconstante, insatisfeito.
que vai se rendendo a si mesmo por não saber bem de que outro jeito ser.
queria falar tanto mais. mas pra quê? pra me sentir melhor. de quê? pra saber que você sabe que sinto isto. por quê? as palavras são insuficientes. é como se elas saíssem de mim e quando chegassem aí já estivessem gastas, desbotadas, sem força. é a impotência da linguagem. engraçado. foi sobre isso que falamos hoje na aula de filosofia conteporânea. a distância entre linguagem e verdade. lembrei de pirandelo "assim é se lhe parece". também lembrei de platão: a realidade das coisas e a ilusão de sua representação, ou algo parecido...
e agora o dia acabou. dia bonito. solitário. desses dias que a gente passa sem falar mais que o necessário com os colegas de trabalho enquanto o fluxo do monólogo interno se mantém. ininterrupto. é por isso que tenho dificuldade de admitir que preciso de terapia. vou arrumando as gavetas quando falo. sozinha que seja. quando escrevo. mesmo um texto como esse... mas é que é muito bom me perceber por mim mesma. ver quem sou hoje pela opções que fiz há anos.é claro que hoje não seria tão dura, enfática, inclemente. não tenho mais energia pra isso. é. é a idade. mas é justo por ter sido que não sou mais (e que não preciso mais). não quero mais salvar o mundo. que peso tirei das costas! admito que não posso salvar nem os mais próximos. porque. quem disse que o que penso é salvação. que puta arrogância! se eu puder quero só viajar. fazer um mestrado pra "fazer jus ao percentual de aumento no salário" (e, claro, olha que luxo! ter o prazer do conhecimento...)
e deixar a vida seguir. com a saudade, sim tenho sim saudade, do tempo que via no teatro algo além de via de ascensão social. hoje nem isso. será que esse é o gosto dos trinta e poucos? não sei nunca vivi isso antes. como nunca tinha vivido as outras idades antes.
seja como for "ando devagar porque já tive pressa..."
e talvez. hum... talvez (pensei nisso) lá pelo terceiro período mude de curso: geografia, literatura, dança ou direito. não sei ainda.