terça-feira, março 04, 2008

Memória Viva de Carlos Drummond de Andrade

Memória Viva de Carlos Drummond de Andrade

O Deus de cada homem

Quando digo “meu Deus”,
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.

Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.


Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade

Carlos Drummond de Andrade.