quinta-feira, fevereiro 18, 2010

...que linda és...

...acabei de conversar no msn com Raquel,
a amiga paulista que conheci em Cuba.
Ah! Na verdade acabei de falar pelo celular com Lili, que não vejo há um mês: quando cheguei de Cuba ela estava indo passar o carnaval em Ponta Negra.
Falei sobre a música de Cuba e dos novos amigos que me levaram pros blocos daqui...
Também acabei de postar mais algumas fotos no orkut, claro, de Cuba.
E, acabei de responder ao e-mail da Malu pra gente ir ao teatro amanhã, sexta.
Ah! A Maluuuu, companheira de quarto. Em Cuba.
Falei ainda agora na caixa do gmail com Cintia sobre... Cuba.
E ontem à noite, uma hora de blá, blá, blá com Max, metade sobre Cuba.
Um pouco antes tinha respondido (em espanhol! Ah! meu querido dicionário...) mensagem de Giselle e Ernesto jornalistas cubanos que conheci na última noite em Cuba.
É, parece que estou encharcada do morrito, da canchanchara e da lua de Cuba.
Está tudo aqui! E é tanto tudo que sei que só aos poucos essa cachoeira vai respingar em forma de palavras.
Não falta o que dizer, falta vontade de ordenar racionalmente.
Ainda quero só sentir o turbilhão...
Ouvi de um amigo: "empolgada, hein!"
Ele não sabe, nem imagina... E como não posso explicar nem pra mim, só disse: "é, sou assim!"
Traduzir algumas impressões...
Como? Não conseguia nem pra quem estava lá do meu lado!
Porque as percepções são imediatas e vinculadas às histórias de cada um.
As leituras e interpretações intimamente ligadas às referências que cada um traz na bagagem. O imaginário...
Memória e expectativas sobre essa Ilha que desafia o Império!
É isso!
A pequena e digna Ilha que desafia há mais de cinquenta anos o Império.
Cujo povo, festivo, logo percebemos, se organiza nos Comitês de Defesa da Revolução e discute o que é melhor para cada cidadão. Simples assim! A partir dos quatorze anos todos estão automaticamente cadastrados nos Comitês e convidados a participar dos debates.
Assuntos como a limpeza das ruas, iluminção, rendimento na escola fazem parte da agenda dos adolescentes. Conversei com alguns, troquei e-mails.
Intenet lá não é fácil, não é barato. Somente alguns podem.
E, claro, socializam com os amigos.
Isabel é uma dessas jovens. Falamos sobre festas, moda, planos para o futuro.
Sobre o bloqueio e a história deles.
Em todos com quem conversei há um traço em comum: orgulho.
Dos ex-combatentes aos "playboys" de Cuba - sim lá há! Os meninos e seu figurino peculiar, como os daqui: cabelo espetado, com reflexo. Camisa justa, calça também e cintos! Cintos arquitetônicos! Bem-humorados! -
Orgulho. Eles sabem quem são, o porquê do bloqueio. O motivo.
E o motivo faz toda diferença!
O bloqueio não é algo abstrato, uma figura de linguagem, não!
É o instrumento utilizado pelo líder capitalista para atingir uma nação que simplesmente levou a cabo seu desejo de exercer sua soberania. Cuba pratica diariamente seu direito de viver como bem quer. Sem a interferência tirânica do país que se autoproclama defensor nº 1 da democracia, liberdade expressão e pensamento, dos direitos humanos e, que no entanto mantém há quase dez anos cinco cubanos presos, dois deles sem qualquer contato com a família, após um julgamento no mínimo suspeito: em território americano (Miami) por autoridades americanas.
Sim, o bloqueio encarece, dificulta, exige paciência, sem dúvida.
Mas esse mesmo bloqueio reforça os laços de solidariedade. Porque coloca todos no mesmo barco. Exceto os que recebem dinheiro de familiares de Miami, que têm mais conforto, por terem acesso ao consumo: celulares, tênis, óculos, jeans de marca...
É, a "ditadura cubana" permite... Assim como permite em seus canais de TV aberta novelas brasileiras, filmes americanos, clips da MTV.
Enquanto nós democratas fomos aprendendo nas palestras de lá: os deputados trabalham até doze horas por dia, porque não recebem salário por sua atividade parlamentar, então têm dupla jornada. E a eleição é feita a partir dos currículos dos candidatos afixados em locais determinados.
Aprendemos tanto em duas semanas. E sentimos o quanto foi pouco. Quero mais! De Cuba, que linda és!
Logo...
Sim...
Por enquanto vamos degustando, saboreando. Algo muito mais doce que a canchanchara.
Esse mel, esse cheiro, (d) esse orgulho.
Porque é isso! Eu falava durante a "noche suramericana" com Carlos nosso guia charmoso, que fala cinco idiomas ( e que agora é meu amigo no facebook): "as dificuldades que vocês têm, não são de atendimento num hospital, ou aceso à Universidade. As dificuldades que vocês têm de consumo, tem um motivo claro: o bloqueio. E saber isso.
O motivo. Faz toda a diferença!"
Ele assentiu em silêncio... Sorriu. Um abraço.
E fomos dançar.