segunda-feira, abril 21, 2008

Aí que.

Eita que não morri! Que tô aqui e nem sei porquê.
Eita que, agora que já sei que, quando o que se quer mesmo é sumir, evaporar-se, esfumaçar-se, sair-se de. Aí que. Mesmo quando, o que se quer é se esconder, pensar em não pensar. Esfarelar os sentidos. Refluir as idéias.
Se diluir, derreter, dissolver, desvanecer, dissipar, dispersar, desprender. Distrair-se de si.
Desviar-se do espelho, do relógio, do calendário, da balança, da conta, do medo.
Do olho alheio. Do soslaio.
Borrifar-se no tempo.
Aí é que se descobre que se resiste, persiste, permanece, mantém-se, conserva-se. Inteiro. (?)
Quer-se desistir-se. Deixar-se. Esvair-se. Esvaziar-se.
Quer-se ficar aqui, ali, assim, por aí.
Quieto. Minimo. Ínfimo. Invisível. Esquecido. Descansado.
E no entanto.
Ainda há.
Há. Ainda.
Por mais que se queira virar pó. Poeira.
Se existe.
Se há.
Se é.
Por mais que.
Findar-se. Sustar-se. Estacar. Estancar-se. Esquecer-se.
De si.
Aí é que.
Sustém-se. Assim. Gasto. Avariado. Abatido. Fracionado.
E (ainda) se quer. Um filete, uma sombra, um sopro, um espirro, sinal, traço ou vestígio. Um pretexto. Que seja.
Margem. Miragem. Que seja. Pra onde ir.