sexta-feira, fevereiro 09, 2007

“Nada a declarar”.
Silêncio e sons. Só.
Como Lulu, Jiddu e... Djair às gargalhadas nas águas de Cabo Frio.
E tudo estaria dito, expresso, confesso, explícito.
Mas se o grito está aqui latente dissolvido entre as conversas rotineiras, comodamente pulverizado nas crônicas das férias e perfeitamente enquadrado nas brechas permitidas pelos campeonatos de futebol, desfiles de carnaval, ou realities show pavlovianos, sempre em horário nobre. O que fazer?
Psiu! Cala boca senão eu berro! É o que eu diria Mas claro, não digo. E me abrigo. Só.
Eco!!!
Reverbera esse burburinho feito redemoinho dentro de mim.
Me ofusca o pensamento.
Ruídos surdos e constantes, subterrâneos, crônicos e persistentes. Vozes veladas no vazio insustentável do ser.
Silêncio. Diante do susto. Assombro diante de uma barbárie.
Mas falamos tanto e não dizemos nada. E mergulhamos em monólogos simultâneos que impedem o encontro. Por que não ouvimos o que o olho vizinho sussurra.
E vamos às palavras, às conversas que nos aliviam de nossos incômodos diários. Discursos pertinentes, coerentes e adequados.
É que precisamos de algum lenitivo.
Mas qual?
Silêncio...
Silêncio?
Silêncio!
Só.

Um comentário:

ideiasaderiva disse...

Adorei o desespero do texto. Desespero que murmura mesmo na hora da festa e fica escorregando entre a barbárie de cada dia...
E vamos às conversas para que suportemos a tragédia de manter os olhos muito abertos.
Só mais 24 horas.